21 de out. de 2010

RESPIRAÇÃO

Observe a sua respiração.
O que se mexe mais quando você respira: o peito ou a barriga?
Se é a barriga, ótimo! Quer dizer que você está respirando fundo, levando ar novo a todos os minúsculos alvéolos que formam o tecido dos seus pulmões e retirando deles o gás carbônico que precisa ser eliminado.
Mas se é o peito que se mexe, você está respirando só com a parte de cima dos pulmões. A parte de baixo fica lá, estagnada, cheia de ar velho e de resíduos, prontinha para adoecer.
Além disso, é lógico que só entra a metade do oxigênio que deveria entrar. Isso obriga você a respirar em dobro para compensar. E precisa de oxigênio pra quê? Ora, pra misturar com os carboidratos da comida, por exemplo, e fornecer combustível para as células.
Carboidrato sozinho não funciona, oxigênio também não. Mas com uma grande diferença: a falta de 5% de oxigênio no corpo dá enjôo e tontura, a falta de 10% pode fazer você desmaiar e a falta de 30% mata.
O faquir fica 100 dias sem comer, sem respirar ele não fica.
Respirar é ainda mais importante que comer. Tanto assim que a gente respira sem querer. Tente parar para ver como é difícil — viu? Pois é: tudo por causa daquela grande mágica da natureza que é o entra-e-sai. Inspira, entra; expira, sai; os dois movimentos têm a mesmíssima importância. Quando não se deixa sair uma coisa, a outra não pode entrar. Muitas das eliminações do corpo acontecem através da expiração, como por exemplo as toxinas das gorduras superaquecidas que a gente come (leia-se pastel do chinês) ou o cheirinho de alho: não sai nas fezes nem na urina nem na pele, sai no ar.
Agora, que também não é só ar, aí é que está. É energia vital — o prana dos hindus, o ki dos japoneses e chi dos chineses, algo que é tão óbvio para os orientais quanto misterioso no ocidente. A ciência sempre perguntou aos seus botões: Como é que o corpo se relaciona com a mente? Longe, muito longe, os sábios da antigüidade respondiam: Pelo prana, pelo ki.
Respira fundo!, dizemos a nós mesmos quando queremos coragem — e como a respiração galopa OU fica presa quando vem o medo! Pela respiração a gente conhece o sono de alguém — lenta e profunda, a pessoa esta calma; ofegante, sem ritmo algo incomoda .O que a gente faz quando quer passar despercebida? Prende a respiração. Quando aguarda uma resposta importante, também. E assim que a coisa se resolve a gente respira, aliviada. E quando morre de saudades, ou desanima? Suspira — deixa sair ali, expirando, uma coisa que parece estar presa no peito. E quando dá uma boa risada, não é um monte de ar que sai? Rá rá rá rá rá, olha só como a barriga encolhe na gargalhada — ou no choro, que chorar também é deixar sair, e quanto mais profundo o choro mais a gente expira (sabia que a composição química das lágrimas muda conforme a razão do choro?)
Há três aspectos básicos na respiração: ritmo, profundidade e duração.
A respiração lenta acalma, deixa a pessoa pacífica e compreensiva, produz clareza de pensamento. Ajuda a desenvolver uma percepção mais ampla de todos os fenômenos; aprofunda o autoconhecimento e a consciência universal. Diminui o rumo das atividades biológicas e a temperatura tende a baixar.
A respiração rápida excita, produzindo um estado mental instável. A pessoa muda de emoções bruscamente e tem reações inesperadas de ataque e defesa; torna-se mais subjetiva e egocêntrica, vê mais os detalhes que o todo, fica mesquinha.
A respiração profunda gera harmonia entre todas as funções do corpo, e com isso há mais satisfação, estabilidade emocional, confiança e capacidade de expressão. Facilita a meditação e o sentimento amoroso.
A respiração superficial gera carência, já que não supre as necessidades orgânicas de oxigênio, e isso se reflete no estado mental e emocional. A pessoa fica medrosa, volúvel, insegura, ruim de memória e de intuição. A angústia tem muito a ver com isso .
A respiração longa dá poder de concentração sintoniza a gente com o ritmo do universo; traz paciência, calma, tolerância, desenvolve uma visão profunda das coisas e a consciência do aqui-agora. A memória e a visão do futuro se tornam mais extensas e claras. A respiração curta é dispersiva, traz impaciência, cria um ritmo irregular; a gente muda muito de idéia, tende à intolerância e ao mau humor. Custa a se adaptar aos ambientes, vive sempre em conflito e se apega mais aos detalhes que ao todo.
Donde se conclui, sem muito esforço, que uma respiração longa, lenta e profunda pode criar dentro de cada um de nós um oásis particular de harmonia, paz e saúde. De graça, veja só. Utilizável em qualquer hora e em qualquer lugar, por qualquer pessoa, em qualquer situação.


Trecho do livro: Deixa Sair - Sônia Hirsch

O livro ainda dá mais dicas, sobre respiração (e de alimentação também!).
Recomendadíssimo!!!

4 comentários:

  1. Muito legal, Tathi!! Eu comprei um livro de Yoga que se chama "The Complete Illustrated Book of Yoga" que também aborda respiraçao, entre outras coisas, mas ainda não terminei de ler.

    Nas aulas de yoga o professor foca muito na respiração. Mas é difícil sair de lá e continuar no mesmo ritmo...

    Bjo

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  2. adorei o template novo.

    hehehehhe

    beijo

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  3. Como ando precisando voltar a respirar profundamente! Por que é mesmo que a gente esquece de respirar direito??? Vai saber! Adorei a coisa do "oásis particular", Tathi! Voltarei à Yoga o quanto antes! Valeu!!! Beijocas e... respiremos fuuuundo!;D

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